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  • Foto do escritorJandira Queiroz

Wendy, a rainha das redes

As redes sociais podem salvar sua campanha e melhorar vidas.

Navegando pelo LinkedIn, passei por um post sobre Comunicação Baseada na Esperança que me levou a conhecer o projeto Stories of Resilience, na página do projeto Refugee Action Good Practice. A Refugee Action é uma organização da sociedade civil no Reino Unido, fundada em 1981 com o objetivo de apoiar no acolhimento de pessoas refugiadas vindas do Vietnã, no final da década anterior.


Stories of Resilience - Histórias de Resiliência, em português, é um repositório de insights sobre as boas práticas do projeto. Os conteúdos vêm em texto ou vídeo, e são para lá de inspiradores. Uma das histórias me chamou atenção por revelar a potência que cada pessoa representa quando falamos em transformar o mundo em um lugar melhor para viver e amar.


Mulher de pele clara, olhos puxados, maqueada, com o cabelo castanho preso em um coque no alto da cabeça, tem um par de óculos escuros levantado sobre o cabelo. Atrás dela, almofadas bordadas e alguns quadros sobre uma parede branca.
Fonte: Twitter.

Wendy é uma enfermeira filipina que realiza trabalho doméstico no Reino Unido: cuida de idosos na casa de uma família inglesa. Ela abre o vídeo dizendo que "na pandemia, quando ela ficou isolada por 15 meses na residência em que trabalha, as redes sociais se transformaram na sua janela para o mundo". Ela é cuidadora de idosos numa família, onde fica à disposição 24h por dia de segunda a sábado. Ela usava os domingos para tomar providências pessoais, como enviar dinheiro à família e conversar com suas crianças, nas Filipinas, via internet.


Com o início da pandemia, os empregadores ameaçaram demitir Wendy se ela saísse de casa. Foi quando ela começou a participar de cursos e atividades promovidas pela "Voice of Demestic Workers", pelos workshops e encontros online. Wendy pôde, então, reconectar-se com colegas trabalhadoras domésticas e aprender mais sobre seus direitos.


Sabemos que o conhecimento liberta, e que a liberdade é uma revolução.


Wendy se jogou nos cursos online e aprendeu sobre comunicação digital e campanhas de advocacy. Levantou dados e outras informações sobre a legislação britânica para pessoas refugiadas, e percebeu falhas em todo o processo. Decidiu fazer algo para mudar o cenário, e lançou uma campanha para disseminar informações sobre os direitos de trabalhadoras e trabalhadores domésticos no Reino Unido - especialmente aqueles e aquelas em situação de refúgio - e pedir por justiça para esse segmento da sociedade.


Uma campanha iniciada por uma pessoa ou uma organização da sociedade civil tem sempre um propósito muito importante. Mas com poucos recursos humanos e financeiros, é comum que os conteúdos sejam apenas replicados em todas as plataformas. Só que cada uma delas é um lugar diferente. Assim como na vida a gente se veste de determinada forma de acordo com o lugar onde vamos e quem esperamos encontrar lá, nas redes é a mesma coisa. Seu conteúdo precisa estar "vestido adequadamente" para o público que você quer alcançar.


Vejam como Wendy é genial ao usar as redes sociais para alcançar seu objetivo.


Ativismo no Facebook - a plataforma já foi a mais popular no Brasil e vem perdendo espaço. No entanto, ainda é aquele lugar onde a gente vai para "tretar", é ou não é? E o que é a "treta" senão engajamento? Pela sua estrutura, o Facebook permite textos mais longos, inserção de links clicáveis junto com imagens e vídeos, uso de hashtags e marcação de pessoas. Se você quiser, ainda pode adicionar um "sentimento" ou "atividade" e dar sua localização. Perfeito para denúncias e conteúdos educativos. Além disso, é possível criar grupos e agregar pessoas em comunidades por interesses comuns - que facilmente viram fóruns e fontes de notícias a respeito de determinados temas. Uma dica para a composição desses conteúdos e caprichar nas mensagens de esperança - afinal, ninguém aguenta mais problemas nesse mundo que vivemos. Prometa soluções e dê o caminho das pedras.


Dançando no TikTok - a plataforma é voltada para vídeos curtos e atrai usuários e usuárias em busca de entretenimento, basicamente. Num mundo repleto de informações irrelevantes, como diz o Yuval Harari, ter clareza é poder. Então, usar o ambiente do TikTok para infiltrar mensagens relevantes por meio de "dancinhas" e desafios é uma estratégia que vem dando certo. Além disso, conteúdos aleatórios e divertidos atraem atenção - e cliques. Assim, nada de cards sóbrios ou mensagens catastróficas no TikTok! Capriche no seu call to action e arrase no seu challenge.


Discussões importantes por WhatsApp - ela não chama de grupo, mas de comunidade. Aqui, Wendy incorpora o zeitgeist vigente. Foi-se o tempo em que uma mensagem saía apenas de um lugar e chegava a milhões de cabeças. O sentido do tempo de agora é a colaboração, co-criação, a conversação. Os aplicativos mensageiros podem ser aliados de primeira hora para organizações e campanhas, desde que se garanta a interação genuína. O pertencimento é um dos elementos mais poderosos para a mobilização.


Compartilhando sua história no Youtube - o princípio é o mesmo dos Stories de outras plataformas: contar uma história, ou vários aspectos de uma mesma história. Na faculdade de Comunicação Social, aprendi que "gente gosta de ver gente", e se não fosse assim, as revistas de fofoca (agora fui cringe!) não venderiam tanto. Bem, é basicamente por isso que o "livro de caras" (Facebook) se tornou um fenômeno tão impressionante, ou não é? Somos seres sociáveis, e isso inclui a busca por modelos e comportamentos em outras pessoas. Use e abuse das técnicas de storytelling aqui, e acompanhe as pessoas se identificando com seu conteúdo e ofereça uma ação simples, viável e que faça sentido.


Espalhando a palavra pelo Messenger - o aplicativo integrado ao Facebook e ao Instagram permite concentrar o serviço de mensageria para seus contatos em ambas as plataformas e disseminar conteúdos de forma massiva. É muito chato receber mensagens invasivas que não têm nada a ver com seus interesses. Dessa forma, essa ferramenta deve ser utilizada em momentos-chave em que você precisa de muita gente olhando, ou fazendo alguma coisa. Assinar uma petição ou inundar a caixa de mensagens de alguém podem ser boas táticas para essa ferramenta. Mas lembrem-se: SPAM é feio, chato e derruba sua credibilidade junto ao seu público e às plataformas. Evite.


Mostrando a vida no Instagram - ou seja, humanizando a mensageira por trás da campanha. Eu não me canso de dizer que "as organizações são feitas de pessoas", assim como as campanhas. No cenário de revolução digital que estamos vivendo, até mesmo as organizações precisam mostrar quem são as pessoas por trás das campanhas, ou do trabalho em geral. Algumas organizações já entenderam isso, e até promovem o comportamento social de membros da equipe nas redes sociais, entregando kits "instagramáveis" para quem chega, com hashtags e arrobas bem destacados impressos em canecas, pads, ecobags e caderninhos personalizados. Eu acho fofo. Mas o que importa aqui é abandonar a arrogância das mensagens institucionais e mostrar a vulnerabilidade, os interesses e os talentos que fazem aquela organização ou campanha ser tão genial: as pessoas dentro dela.


Não haveria melhor forma de terminar esse textão, senão com a frase final de Wendy: "ao abrir meu mundo online, espero ser uma inspiração positiva e uma voz mais forte pelos direitos de trabalhadores e trabalhadoras domésticos em todos os lugares".


Obrigada, Wendy!

 

Siga Wendy!


O vídeo foi produzido por Maz Salman em colaboração com Voice of Domestic Workers, e está disponível no site Refugee Action Good Practice, na aba Insights.


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